É momento de virar a página, iniciar um novo ciclo

08 de maio de 2018

Se chega a hora de seguir em frente, mudar de direção ou fazer escolhas, é preciso muita coragem e desapego, diz o Grão-Mestre da GLEMT, Geraldo Macedo

Rui Matos | Portal Mato Grosso

Quem nunca passou por aquele momento da vida que se sente forçado a virar a página e começar um novo capítulo? Aliás, em muitas ocasiões, é preciso mudar um livro com todos os seus capítulos ou, uma enciclopédia completa. “Para isso, é preciso muita coragem e desapego”, avalia Geraldo Macedo, grão-mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso (Glemt) e presidente da Zona V da Confederação Maçônica Interamericana (CMI).

Macedo, acompanhado de representantes do Grande Oriente do Estado (GOE) e do Grande Oriente do Brasil (GOB), está percorrendo 13 municípios-polos em visitas às lojas maçônicas defendendo um momento importante de virada de página. A Maçonaria, que já foi operativa e, atualmente se define como especulativa, busca agora um novo ciclo denominado Maçonaria Executiva.

Segundo Geraldo Macedo, o conceito é simples. Nada mais é do que o maçom participar ativamente da vida social, econômica e política do País. “Se um dos objetivos da Ordem é estimular que seus membros sejam homens justos e perfeitos, por que não mostrar isso com mais intensidade na prática fora das reuniões maçônicas”? Questiona o grão-mestre.

Em 05 de maio, em Cáceres, cidade que fica distante 220 quilômetros de Cuiabá, membros de 18 lojas da Glemt, GOE e GOB se reuniram na sede da ‘Loja Maçônica VI de Outubro’ nº 10 para ouvir a explanação feita por Geraldo Macedo. Representantes de 12 municípios da região oeste participaram do momento, considerado histórico para as três potências maçônicas.

“O que propomos já é uma tendência mundial. Não queremos mudar a Maçonaria, mas a nossa maneira de enxergar e fazer as coisas”. Para o grão-mestre, é importante nesse momento descobrir como perceber o fim de um ciclo e contribuir de forma coletiva para tomar uma nova direção. “Quem não compreender o mundo em que vivemos, jamais irá desenhar o universo que sonhamos. A grande mensagem desta noite é promovermos a reinvenção, com novos métodos e novos conceitos”, deixou claro e foi aplaudido.

Em sua fala, mostrou exemplo de instituições estratégicas, como as Forças Armadas, que também perceberam que é preciso avançar na mesma velocidade com a qual avança a sociedade e os organismos públicos e privados. Geraldo Macedo desafiou os maçons a não se omitirem nesse momento ímpar da história. “Só vamos participar desse processo se cada um de nós fizer a sua parte para o conjunto. O conceito Executivo é coletivo. Sozinhos, somos ninguém”. Nesse contexto entram o papel da juventude e uma compreensão clara de uso da Internet no cotidiano dos maçons e da administração das Lojas.

Outro exemplo citado, foi a participação na rotina política. “Se quisermos progredir devemos respeitar a história, mas devemos também construir uma nova história. Jamais devemos tornar a Maçonaria partido político ou trazer a discussão político-partidária para as nossas reuniões. No entanto, devemos questionar mais as autoridades dos três poderes, o Ministério Público, representantes da Saúde, Segurança Pública, Trabalho e Cidadania, o prefeito, vereadores e por aí vai”.

Geraldo Macedo lembrou que todo os processos se consolidam com o voto consciente e com a política em si. “Não devemos ser atores apenas com o exercício do voto. Podemos participar, ainda, como candidatos a cargos eletivos. Muitos das nossas fileiras já fazem isso, atuando isoladamente como parlamentares, secretários de Estado, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Antes de tudo, o maçom é um cidadão e precisa agir como tal. E não apenas o maçom. Qualquer braço da sociedade civil organizada precisa fazer isso. Só assim vamos contribuir com a melhoria desse cenário ruim em que se encontra o país”, completou Macedo.

No momento final da palestra sobre Maçonaria Executiva, Geraldo Macedo voltou a reforçar que alguns finais de ciclo a vida impõem de forma natural. “Nascemos e crescemos. A infância passa e até o amor termina ou se renova. A vida terrena também passa e partimos para um novo ciclo no plano espiritual. Entretanto, os ciclos mais desafiadores para o maçom de hoje talvez sejam os que nós mesmos precisamos delinear quando começam e terminam”. “Não adianta olharmos apenas para o passado se não desenharmos hoje o que nos orgulhará no futuro”, completou Genilto Nogueira, grande-secretário de Relações Exteriores da Glemt.

Enfim, qual será o ponto exato dessa mudança? Para o grão-mestre de honra do GOE, Osvaldo Sobrinho, não existe receita. “Cada um de nós é quem vai ter de decidir se o melhor é permanecer mais um pouco onde está ou virar logo essa página proposta”, analisou. “Vivemos uma transição importante: de uma vida padronizada, previsível, para uma existência múltipla, flexível, de várias possibilidades”, parafraseou, citando o psicanalista Jorge Forbes.

Osvaldo Sobrinho reforçou o que Geraldo Macedo orientou sobre reuniões abertas para discutir com a sociedade assuntos de interesse comum. “Vamos chamar o delegado de polícia, líderes religiosos e da sociedade civil. Por que não? Sou membro da Igreja Batista e também quero compartilhar com os irmãos de outras denominações essa preocupação com o futuro do ser humano e como o maçom poderá atuar socialmente de agora em diante. Não vamos resolver os problemas do planeta, mas daremos um grande passo para entender melhor a nós mesmos, para atuar de forma prática junto à sociedade e não apenas conceitual, além de contribuir muito mais na construção do edifício social”, disse Sobrinho, que já foi governador, vice-governador, deputado federal, deputado estadual e secretário de Estado.

Élcio Ardoim – que representou o grão-mestre do GOB, Antonio Passos -, observou que o ser humano precisa optar a todo instante sobre o que fazer e o que negligenciar. “Vamos chegar a esse ponto por meio da reflexão é isso o que essa palestra propõe”, argumentou. Ele lembrou que o GOB criou o GAP – Grupo de Ação Política para levar o maçom a participar mais de projetos de iniciativa popular contra a corrupção, além de estar atento ao que ocorre no meio político, social e econômico. Pensamento compartilhado pelo Grande Inspetor Litúrgico do Rito Escocês, Antigo e Aceito, Ronan Jackson Costa. “Temos todos os meios para essa reflexão em nossos estudos de rotina”, contribuiu.

“Vivemos novos tempos, sem sombra de dúvida”, falou o delegado distrital do GOE – representando o grão-mestre Ademir Amorim -, Benedito de Souza. “Essa palestra serviu para vermos que precisamos refletir mais sobre os ciclos da vida. Precisamos fazer mais e melhor em cada um desses momentos”, finalizou o venerável-mestre da Loja VI de Outubro, Alfredo Oliveira.

 

Grande Loja do Estado de Mato Grosso
Emitido em 19/04/2024 19:20