Glemt doa alimentos a funcionários da Santa Casa

12 de abril de 2019

A Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso (GLEMT) fez a doação de 200 cestas básicas de alimentos, nesta quarta-feira (10), aos funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. Ação colocou a Glemt na rede de solidariedade aos trabalhadores, entre enfermeiros, técnicos, administrativos e serviços gerais, que estão sem receber os salários há cinco meses, além do décimo terceiro. Desde de dezembro de 2018 o único valor recebido foi um vale de R$100,00. Assim que o caminhão estacionou com as doações, um grupo se aglomerou para ajudar a descarrega-lo. “Somos gratos e estamos felizes”, disse o enfermeiro André Luiz, ao se oferecer como voluntário.

“É uma forma de combater as desumanidades e levar às pessoas um pouco mais de esperança. Ninguém é tão pobre que nada possa dar e ninguém é tão rico que não precise receber”, concluiu Geraldo Macedo

Para o grão-mestre da Glemt, Geraldo de Souza Macedo, o desejo era ter atendido a todos os funcionários, mas, a ajuda dará apenas para amenizar as dificuldades de 200 das 800 famílias que passam por necessidades. “A intenção da Grande Loja Maçônica era ter conseguido muito mais, mas, ainda há tempo para os que não conseguiram fazer a sua doação a faça indo diretamente à Santa Casa”, explicou. Geraldo foi pessoalmente fazer a entrega e ficou sensibilizado com o que viu. “Dá para ver nos olhos dos funcionários que eles estão se sentindo humilhados pela situação, já que não conseguem nem pagar as suas despesas básicas. Não se pode deixar um quadro profissional tão competente e dedicado a sociedade mato-grossense nessa situação de penúria”, completou.

André Luiz é membro da comissão de funcionários criada para acompanhar e buscar solução à crise financeira e administrativa do hospital, que completou 202 anos. Ele observa que a situação pela qual passa a unidade hospitalar não é culpa dos funcionários. Segundo ele, a ajuda por parte da sociedade só não está sendo maior justamente por uma visão distorcida da realidade. “Quem deve ser responsabilizado é quem gerou essa situação, ou seja, a gestão da Santa Casa. A culpa é da direção e não dos funcionários”, argumentou. Para o enfermeiro, “felizmente os maçons da Grande Loja foram tocados e decidiram apoiá-los nesse momento tão difícil”. “Deus é pai e quem nos ajudou receberá muito mais em troca”, falou emocionado.

“Só amenizamos a situação”, reforça Geraldo Macedo. “Ainda há muitas pessoas precisando”. O grão-mestre observa que o ato de ajudar a quem precisa é tarefa de todos, sem ter que parar e ficar pensando se a solidariedade é justa ou não. “Cada cidadão tem a chance de ajudar o próximo. Se tem a oportunidade de fazer o bem, faça, sem pensar muito”. Ele lembra que, nos tempos atuais de tantas desigualdades e intolerâncias, a solidariedade se torna ainda mais essencial. “É uma forma de combater as desumanidades e levar às pessoas um pouco mais de esperança. É isso que nós, maçons, defendemos. Ninguém é tão pobre que nada possa dar e ninguém é tão rico que não precise receber”, concluiu.

ENTENDA O CASO

A direção da Santa Casa paralisou os atendimentos no dia 11 de março, mas a unidade já não tinha mais condições técnicas e financeiras para novas internações desde fevereiro. A dívida gerada pela gestão da Santa Casa nos últimos dois anos chega a R$ 110 milhões e a Prefeitura de Cuiabá pontuou que já foram repassados R$ 24,8 milhões para a instituição, mas os serviços hospitalares que deveriam ser oferecidos não foram executados.

Mesmo tendo créditos, a prefeitura acenou com a possibilidade de repassar R$ 3,5 milhões, que teria reforço de outros R$ 3,5 milhões da Assembleia Legislativa para quitar as cinco folhas de pagamento até o teto salarial de R$ 5 mil. No entanto, um novo impasse foi gerado. O Ministério Público Estadual (MPE) não quer firmar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a atual diretoria da Santa Casa para que os R$ 7 milhões sejam repassados. Por conta disto, foi sugerida uma renúncia coletiva dos médicos que estão no atual comando do hospital, o que não foi acatado por eles.

O Movimento Santa Casa de Portas Abertas, criado pelo vereador Toninho de Souza (PSD), intermedia desde fevereiro a situação entre a direção da Santa Casa e a Prefeitura de Cuiabá, responsável pela Gestão Plena da Saúde no município. O vereador também criou na Câmara a CPI da Santa Casa, na qual pretende investigar a fundo a questão financeira do hospital, apontar culpados e encaminhar denúncias ao Ministério Público para que providências sejam tomadas.

Grande Loja do Estado de Mato Grosso
Emitido em 19/04/2024 14:49