A Maçonaria do futuro _
A rápida evolução do pensamento moderno, que a todo o momento é atropelado pelas conquistas científicas, transformou a antiga civilização rural em uma civilização pós-industrial, em todos os países desenvolvidos. Fronteiras políticas e culturais têm sido progressivamente superadas pela avalanche que nos levou à era da globalização, confirmando a frase de Mac-Luhan, para quem “O Mundo é uma aldeia global”.
Diante de tantas mudanças provocadas pela comunicação - livre e ilimitada - entre os povos de todo o Mundo, é válido perguntar se também haverá alguma mudança na Ordem Maçônica. Será a Maçonaria do futuro diferente daquela tradicional que conhecemos hoje?
A Informática, ramo específico da ciência eletrônica, permite que os maçons se comuniquem em todo o mundo. Isto significa que se comunicam Irmãos pertencentes a Potências diferentes, reconhecidas ou não entre si.
Hoje em dia, a globalização da informação permite superar e tornar obsoletos e sem sentido não só o problema da localização geográfica dos Irmãos, mas também o do reconhecimento entre suas Potências.
Maçons do Sri Lanka, Nova Zelândia, Okinawa, Chile, Bélgica, USA, Canadá, Suíça, Alemanha, Brasil, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Espanha, Portugal etc., falam uns com os outros, conhecendo-se e trocando informações sobre Maçonaria, sem a interferência de sua Loja ou de sua Potência. Isto permite conhecer em poucos meses muito mais sobre a Maçonaria no Mundo do que poderíamos conhecer em anos de estudo e de pesquisa, na literatura Maçônica ao nosso alcance.
Deste modo, nunca foi tão verdadeira quanto é hoje, a expressão “Maçonaria Universal”. Na verdade, antes da existência da Internet e da comunicação global, esta expressão não passava de puro exercício de retórica.
Após 1717, boa parte da Maçonaria esqueceu que a primeira Grande Loja de Londres e Westminster, bem como todas as demais Potências, foram criadas para servir aos Irmãos e às suas Lojas.
Ao longo do tempo perdeu-se esta perspectiva, e muitas Potências Maçônicas passaram a atuar como se as Lojas tivessem sido criadas para servir às suas Altas Administrações. Novos e sucessivos regulamentos foram criados.
Deste modo, a Ordem se dividiu em inúmeras Potências, cada uma suspeitando da outra, que não reconhece. Em muitos casos, a obtenção de um reconhecimento significa a retirada deste mesmo reconhecimento a outra Potência. Afinal, para que serve o tão decantado reconhecimento, se Irmãos de Potências diferentes, que só estão preocupados em praticar a pura Maçonaria, se reúnem em Lojas Virtuais e em Grupos que se comunicam pela Internet? É bastante cristalino que o contato entre os Irmãos de todas as Potências está ligando os elos da grande e verdadeira corrente maçônica espalhada pelo Mundo.
Esta comunicação cada vez maior, mais rápida e mais barata, já está mudando a face da nossa Ordem. Em seus contatos, os Irmãos trocam informações sobre a história, as tradições, os significados dos símbolos e sobre os objetivos da Instituição. Eles aprendem sobre as semelhanças e as diferenças entre as suas Lojas, os seus ritos e os usos e costumes particulares da Maçonaria em diferentes países.
Adicionalmente, encontram novas idéias para melhorar suas Lojas, e trocam experiências com vistas à solução de seus problemas. Por exemplo, uma Loja em Brasília, usa com sucesso os métodos de uma Loja em Paris para tornar as reuniões mais interessantes e garantir maior presença dos Irmãos; uma Loja no México e outra na Argentina usam métodos desenvolvidos por uma Loja da Espanha, para melhorar o desempenho de seus Oficiais.
Sem dúvida, a comunicação via Internet tende a reforçar os laços fraternais que unem os Irmãos. Muitas vezes estes laços se transformam em verdadeira amizade, pela troca de experiências e pela ajuda mútua na solução de problemas, tanto no que concerne à Ordem quanto a nível pessoal.
Desde que as quatro Lojas de Londres fundaram a primeira Potência Maçônica, está sendo consolidada, sem alarde, mas com rapidez crescente, a verdadeira Maçonaria Universal, liberta das limitações impostas pelos Altos Corpos.
Uma coisa, porém, é bastante clara: as Obediências, se não desejarem ser postas à margem, deverão promover mudanças em suas Administrações. Elas deverão incorporar em seus Regulamentos as normas básicas dentro das quais se desenvolverão as comunicações dos Irmãos via Internet.
Em futuro muito próximo, Grandes Oficiais e até Grão-Mestres serão escolhidos dentre aqueles que fazem hoje Maçonaria via Internet e que, por isso mesmo, além do acervo de conhecimentos adquiridos, desejarão aprimorar os Regulamentos e as Constituições de suas Obediências, para atender aos verdadeiros anseios dos Maçons.
Acima de tudo, estes novos dirigentes da Ordem irão considerar que milhões de Irmãos, cujo contato era evitado por serem irregulares, são também fraternos e não têm culpa de terem sido iniciados em Potências cuja regularidade é ou não contestada por outra Potência.
A globalização da informação não produzirá mudanças nos princípios iniciáticos, morais e filosóficos da Ordem Maçônica. Por outro lado, o fato de que Irmãos de Potências diferentes, trabalhando em Ritos diferentes, em quantidades cada vez maiores, se reunirão pela Internet para tratar de projetos comuns, fará com que sejam inevitáveis as mudanças na Ordem, a nível administrativo e organizacional.
Sem dúvida, este processo de mudança será bastante mais abrangente do que apenas interligar pela Internet as Secretarias das Lojas com as Grandes Secretarias das Obediências.
Assim, em futuro não distante, a comunicação dos Irmãos via Internet induzirá a mudanças no relacionamento entre as Lojas, e entre as Lojas e suas Altas Administrações. Aos Grãos Mestres de todas as Obediências restam duas alternativas: ou se engajam neste movimento que está universalizando a Ordem, ou perderão o poder jurisdicional sobre os Irmãos e sobre as suas Lojas.
Meus Irmãos! Ergam os olhos, o futuro já chegou.
M\M\Jose Carlos de Musis
GLEMT - CIM 205