A ciência maçônica _
Para muitos maçons brasileiros, o conceito da Maçonaria enquanto Ciência pode parecer um pouco raro. Contudo, essa compreensão é tão comum à mesma quanto seu entendimento como sendo especulativa.
Uma ciência é um “corpo de conhecimentos sistematizados”.[1] Ou seja, todo conhecimento que você delimita e sistematiza (organiza), de modo a ser pesquisado, ensinado e aprendido, é considerado uma ciência. Já a Maçonaria é “um belo SISTEMA de moralidade, velado em alegorias e ilustrado por símbolos”,[2] ou seja, é um corpo de conhecimento moral sistematizado. Em outras palavras, Maçonaria é a “ciência da moral”.
Mackey foi um dos vários autores que utilizava dessa nomenclatura, a ponto de usar a mesma definição clássica de Maçonaria, porém, como “uma ciência da moralidade, velada em alegorias e ilustrada por símbolos”.[3] Ao longo da obra “O Simbolismo da Maçonaria”, Mackey menciona a Maçonaria como ciência mais de cem vezes.
Pike, em sua obra-prima, “Moral e Dogma” também adota o termo: “aquele que devota sua mão, coração e cérebro à Ciência da Maçonaria”.[4] Outro autor maçônico que compartilhava dessa visão iluminista da Maçonaria era Jirah Dewey Buck, 33° (NMJ).[5] E mais recentemente, temos o historiador maçônico John Bizzack,[6] dentre outros.
O que essa definição de Maçonaria também nos traz é que essa ciência tem um método pedagógico: “velado em alegorias e ilustrado por símbolos”. Ela é ensinada por meio de diferentes escolas (ritos), divididas em níveis ou séries (graus), cada uma delas com seus livros didáticos (rituais).[7] E não seria por acaso que essa visão educacional estaria presente em obras do Século XVIII, como Ahiman Rezon, na qual Dermott se refere a aprendizes e companheiros como “alunos”.[8]
Cabe então a cada Mestre Maçom a plena ciência de que, assim como se deseja que seja na escola de nossos filhos, cada loja (sala de aula) deve contar com Mestres (professores) bem qualificados e capacitados, focando seus esforços na educação daquela ciência moral, de forma a desenvolver as melhores habilidades e competências morais nos alunos (aprendizes e companheiros).
Por Kennyo Ismail
[1] Oxford Languages. Dicionário da Língua Portuguesa. Verbete: Ciência.
[2] ZELDIS, L. Illustrated by Symbols. Philalethes, Vol. 64, N. 02, 2011, p. 72-73.
[3] MACKEY, A. O Simbolismo da Maçonaria. Vol. 1. São Paulo: Universo dos Livros, 2008, p.8.
[4] PIKE, A. Moral e Dogma. Trad. Kennyo Ismail. Brasília: No Esquadro, 2023, p. 351.
[5] BUCK, J. D. The Origin of Freemasonry as the School of Progressive Moral Science. Whitefish: Kessinger Publishing, 2010.
[6] BIZZACK, J. Discovering Freemasonry in Context: The Laboratory of Moral Science. Charleston: CreateSpace, 2012.
[7] ISMAIL, K. O Livro do Venerável Mestre. Londrina: A Trolha, 2018, p. 28-29.
[8] DERMOTT, L. Ahiman Rezon. Trad. Kennyo Ismail. Londrina: A Trolha, 2016, p. 51.