Reflexão maçônica _

A Maçonaria, enquanto instituição iniciática de caráter simbólico, baseia sua trajetória na constante busca pela sabedoria. Essa jornada, longe de ser apenas intelectual, está profundamente enraizada em princípios filosóficos que orientam o pensamento e a ação do iniciado. A tradição maçônica compreende a sabedoria como um ideal que se revela progressivamente, por meio do estudo, da reflexão e da vivência moral. Assim, suas cerimônias e rituais não são apenas atos simbólicos, mas verdadeiras práticas filosóficas em movimento.

Os princípios filosóficos que sustentam a Maçonaria se apresentam como alicerces para o entendimento da realidade, da existência e das relações humanas. Essa base conceitual aproxima a Ordem das grandes tradições filosóficas da Antiguidade, especialmente daquelas que, como a de Aristóteles e Platão, se voltaram à investigação do ser, da moralidade e do bem viver. A filosofia na Maçonaria não se limita à especulação abstrata, mas orienta o comportamento ético do maçom, revelando o valor da introspecção e da ação justa como caminhos para o aperfeiçoamento.

Conhecer é um ato de identificação entre sujeito e objeto, em que o maçom se transforma à medida que compreende. Esse conhecimento se realiza tanto pela leitura quanto pela experiência ritual, sendo o simbolismo o principal veículo para a transmissão de verdades que transcendem o mundo empírico. As alegorias, metáforas e imagens rituais permitem ao iniciado tocar o invisível, expandindo sua consciência e favorecendo o autoconhecimento.

A ética, enquanto modo de ser, e a moral, como expressão dos costumes, ocupam lugar central na jornada maçônica. Inspirada nos ensinamentos clássicos, a moralidade maçônica visa a formação do caráter e a prática da virtude. Como destacou Aristóteles, a virtude é adquirida pela repetição e pelo hábito, tornando-se um traço do homem verdadeiramente livre e justo. A Maçonaria, nesse sentido, propõe ao seu adepto um exercício constante de vigilância interior e de responsabilidade ética nas suas ações.

A sabedoria, interpretada como a capacidade de discernir e agir conforme o bem supremo, representa o ápice da trajetória maçônica. Inspirada na ideia aristotélica de eudaimonia, ou felicidade plena, a sabedoria integra teoria e prática, saber e ação. Ela não é um dom inato, mas o fruto de uma vida de experiências, escolhas conscientes e refinamento moral. Na visão maçônica, a sabedoria é o oposto da ignorância: uma luz que dissipa as sombras da dúvida, da paixão desregrada e do egoísmo.

A reflexão sobre os princípios filosóficos da Maçonaria revela que o caminho iniciático é, em sua essência, uma jornada de autodescoberta e elevação moral. Por meio da integração entre razão, simbolismo e ética, o maçom é convidado a se transformar em um agente da sabedoria e da justiça. A filosofia, nesse contexto, não é apenas uma disciplina do pensamento, mas uma vivência existencial que conduz o homem à sua mais elevada realização. É nesse ponto que a Maçonaria, fiel à sua vocação milenar, continua sendo uma escola viva da virtude e do conhecimento.

Daniel Dino

Mestre Maçom

GLEMT - Loja Irmandade Fraterna nº 94